Apesar de já serem populares há bastante tempo no Japão, somente agora os QRcodes começam a ser usados mais amplamente ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Conforme a banda larga móvel se torne disponível e economicamente viável para a população, o potencial de uso dessa tecnologia é gigantesco, não apenas pelas possibilidades técnicas que permite – realidade aumentada, internet das coisas, crossmídia e rastreamento da mídia offline -, mas também por contribuir com a sustentabilidade.
QRcodes são códigos de barra bidimensionais que podem ser escaneados por um telefone celular. Esses códigos podem armazenar textos, dados de contato, SMS e também URLs, ou seja, endereços na web. Essas características já dão algumas pistas da importância dessa tecnologia:
a) qualquer pessoa com um celular com câmera e acesso à internet pode ler QRcodes (não é necessário hardware dedicado de leitura como no caso dos códigos de barra lineares);
b) a possibilidade de armazenar URLs no código transforma um QRcode impresso em um botão físico para a web, ou seja, um gateway para o mundo online. Considerando-se que a penetração de telefones celulares com câmera e acesso à internet está crescendo ao redor do planeta, em breve, virtualmente, grande parte das pessoas estará habilitada a ler esses códigos onde quer que estejam.
É preciso banda larga
Hoje, no Japão, os QRcodes são bastante usados justamente porque a penetração da banda larga móvel por lá é enorme. No entanto, eles ainda são novidade no resto do mundo, inclusive Europa e Estados Unidos.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o funcionamento dos códigos de barra 2D antes de continuar a leitura desse artigo, assista o vídeo “QRcode: o que é isso?”
Aconselho também que você se habilite a ler QRcodes – para tanto, se você tiver um celular com câmera e acesso à internet, instale o i-nigma, um excelente leitor gratuito de QRcodes disponível para a maioria dos modelos de celulares. Para instalar o i-nigma, acesse pelo navegador do seu celular o endereço www.i-nigma.mobi.
Depois de instalado o aplicativo, basta iniciá-lo e apontar a câmera do seu celular para um QRcode para escaneá-lo, como, por exemplo, o código no início dessa matéria que dá acesso ao meu Twitter (Veja também no final dessa matéria como instalar outros leitores e criar os códigos de barra bidimensionais).
Além dos QRcodes, existem diversos outros padrões de códigos de barra bidimensionais que permitem encriptar URLs, como o Datamatrix, Beetagg e a Microsoft Tag, por exemplo. Esses códigos são também chamados de “mobile tags”, ou, em português, rótulos móveis. As vantagens dos códigos de barra bidimensionais são inúmeras:
a) não requerem hardware dedicado para leitura (e sim celulares e dispositivos móveis comuns);
b) armazenam URLs, e não apenas números;
c) enquanto um código de barra linear armazena apenas 20 dígitos numéricos, um QRcode, por exemplo, armazena milhares de caracteres (que não precisam ser apenas numéricos, mas podem ser também alfanuméricos e outros alfabetos, como Kanji) ;
d) os softwares leitores de códigos de códigos de barra 2D são gratuitos;
e) a criação dos códigos 2D também é gratuita e pode ser feita online;
f) os códigos 2D aumentam a usabilidade de acesso à internet por dispositivos móveis.
Quem se beneficia?
Essas funcionalidades dos códigos de barra bidimensionais, como o QRcode, impulsionam outras áreas importantes:
1) Realidade Aumentada – Sabendo que realidade aumentada é a coexistência e interação de objetos digitais com objetos físicos, de forma a ampliar a experiência do usuário no meio físico, podemos dizer que os códigos de barra 2D, quando escaneados por um aparelho celular, trazem uma camada digital de informações que interage e amplia nossa experiência no mundo físico.
Por exemplo, quando colocamos em um monumento histórico um QRcode linkando informações digitais sobre esse monumento, estamos trazendo um objeto de dados digitais para interagir com o monumento físico. Podemos linkar qualquer tipo de dado digital (imagens, vídeos, sites, sons, etc.) em um código de barras bidimensional. Dessa forma, esses códigos se tornam o modo mais simples e econômico de se criar realidades aumentadas.
2) Internet das Coisas – Atualmente, o ambiente digital é dominado principalmente por documentos. No entanto, por meio de sensores e tecnologias móveis, vemos gradualmente todo tipo de ator entrando em cena na internet – objetos, pessoas, animais, lugares, etc. Esse é o cenário da internet das coisas.
Enquanto a maior parte das tecnologias para incluir coisas na internet requer hardware e/ou leitores específicos, como sensores RFID e GPS, a aplicação de QRcodes e outros códigos de barra bidimensionais em qualquer tipo de coisa é praticamente gratuito (o único custo é impressão do código para aplicação) e utiliza o hardware amplamente disponível e disseminado na população – os telefones celulares.
Isso faz com que os códigos de barra 2D se tornem uma plataforma de alavanca para a internet das coisas, já que qualquer pessoa pode facilmente criar os códigos e aplicar em qualquer coisa em seu redor e eles podem ser lido por praticamente qualquer pessoa que possua um celular.
3) Rastreamento da Mídia Offline – Um dos maiores problemas associados a ações de marketing em mídias offline é a dificuldade de saber em qual mídia as pessoas viram o anúncio ou a ação de comunicação. Normalmente, para se saber se uma pessoa chegou até sua marca por meio da televisão, outdoor ou uma revista, é necessário perguntar a ela ou colocar códigos seeding de identificação de origem nas promoções. Os códigos de barra 2D aplicados na mídia tradicional offline permitem o rastreamento de origem, apenas taggeando a URL, como no exemplo abaixo:
• http://www.site.com/pag1.html?Origem=”revista”
• http://www.site.com/pag1.html?Origem=”jornal”
• http://www.site.com/pag1.html?Origem=”vitrine”
• http://www.site.com/pag1.html?Origem=”tv”
Dessa forma, a mídia tradicional offline passa a ser rastreável digitalmente, de forma automática, por meio dos códigos de barra bidimensionais.
4) Crossmídia – O uso de QRcodes nas mais diferentes mídias, linkando para conteúdos em outras mídias, pode ser um ótimo catalisador das ações crossmídia. Uma mensagem que começa em uma mídia pode ser estender facilmente para outra, por meio de códigos de barra bidimensionais. Um exemplo bem bacana disso é a ação que o The Weather Channel. O canal apresentou durante a exibição de um programa na TV um QRcode que, quando escaneado, permitia fazer o download do aplicativo mobile do canal para plataforma Android. Dessa forma, a experiência do usuário com o canal se estende para outra plataforma, da televisão para o celular.
5) Sustentabilidade – Várias características dos códigos de barra 2D permitem que eles sejam lidos diretamente do ambiente online, sem a necessidade de impressão em papel, colaborando com a sustentabilidade. Exemplos disso são:
• Cartões de visita – Dados de contato são um dos tipos de informação que podem ser encriptadas facilmente num QRcode. Assim, se as pessoas criarem um código com seus dados de contato e guardarem esse QRcode como imagem dentro do seu aparelho celular, não há necessidade de ter cartões de visita impressos. Basta mostrar o seu QRcode digital, no seu celular, para ser escaneado por quem você deseja passar o contato.
• Boarding pass, ingressos para eventos, etc – Ao invés de imprimir cartões de embarque e ingressos para eventos, eles podem ser emitidos encriptados em QRcodes digitais que ficam armazenados no aparelho celular do cliente. Durante o embarque ou o acesso aos eventos, ao invés do cartão ou ingresso impresso, o cliente pode mostrar a imagem do QRcode do ingresso armazenada no seu celular para ser escaneada diretamente.
Os códigos de barra 2D podem trazer benefícios, teoricamente, a qualquer área do conhecimento – medicina, engenharia, educação, artes, marketing & comunicação, etc.
Devido ao aumento da disseminação de smartphones (celulares com câmera, capacidade de processamento e acesso à internet) na população em geral e à extrema facilidade de se instalar, criar e usar os códigos bidimensionais, acredito que as barreiras de adoção dessa tecnologia se devam a algumas razões, como a pouca penetração e o (ainda) alto custo da banda larga móvel, que não encoraja o acesso à internet via dispositivos móveis. É possível listar também a falta de cultura e conhecimento sobre a tecnologia.
De forma muito rápida essas duas barreiras estão se dissolvendo e, provavelmente, teremos em breve os QRcodes e demais códigos de barra 2D incorporados no nosso cotidiano, ampliando nossas experiências integradas on e off-line e colaborando com os processos de sustentabilidade do planeta.
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Como Criar e Ler diversos tipos de códigos de barra bidimensionais
1. Instale um leitor de mobile tags no seu celular ou PDA – existem vários softwares de leitura disponíveis e aqui vão algumas sugestões (todas gratuitas). Para instalar o leitor, acesse os endereços abaixo pelo navegador do seu celular ou PDA:
– i-nigma – www.i-nigma.mobi (lê QR codes eDatamatrix)
– Beetagg – get.beetagg.com (lê QR codes, Datamatrix e Beetagg)
– Microsoft – www.microsoft.com/tag (Microsoft Tag)
2. Crie mobile tags – existem diversos modos de criar os códigos (mobile tag). Aqui vão algumas opções disponíveis online e gratuitas na web:
– i-nigma – www.i-nigma.com (cria QR codes e Datamatrix)
– Beetagg – generator.beetagg.com (QR codes, Datamatrix eBeetagg)
– Microsoft – www.microsoft.com/tag (cria Microsoft Tag)
— por Martha Gabriel, em 13/set/2010
OBS – Artigo publicado originalmente no IDGNow!
2 Comentários
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Olá Martha Gabriel, já tive a oportunidade de participar de palestras suas algumas vezes. Em uma delas, há alguns anos, você foi a primeira pessoa que começou a falar sobre QR code. Na época vc deixou claro que tem que ser usado para mostrar algo relevante, útil, para não frustrar. Lembro até que vc comentou que um dia viu um veículo passando na rua com QR code e foi checar o que era e foi uma frustração, pois não levava a nada relevante. Atualmente tenho um cliente que quer usar muito QR code mas para divulgar o próprio site (?). Logo lembrei do conceito que vc passou. Salvo engano meu (vai que as coisad mudaram) não seria um uso não recomendável por num material promocional, inclusive na capa, um QR code que leva ao site da empresa? Agradeço pelo retorno que puder me dar. Abs