Da mesma forma que “aquilo que arde também cura”, e “aquilo que aperta segura”, a tecnologia que nos separa também nos une.
Inegavelmente, a tecnologia tem um papel essencial na disseminação de informações e sensibilização sobre todos os tipos de questões referentes à existência humana. Desde a oralidade em que se “cantavam” os acontecimentos e feitos da humanidade – com seus heróis e vilões –, até os dias de hoje, em que as mídias sociais digitais nos trouxeram para o tempo real, temos experimentado ao longo da nossa história uma evolução de possibilidades e de alcance de impacto das nossas mensagens.
No entanto, por outro lado, paradoxalmente, conforme ampliamos as conexões e velocidade de comunicação, tende-se a se perder, simultaneamente, a atenção e emoção das pessoas impactadas, diminuindo a eficiência. Além disso, — e talvez não tão facilmente perceptível –, a mediação tecnológica da informação pode causar distanciamento e desumanização. Um exemplo disso é a diferença de nível de sensibilidade quando presenciamos alguém sofrendo daquele que temos quando vemos a mesma coisa acontecer por meio de um dispositivo de mídia: televisão, rádio, posts na internet, etc. Enquanto em um evento presencial compartilhamos o mesmo contexto, a intermediação tecnológica, por sua vez, nesses casos, gera uma fronteira entre “nós” e “eles”, nos separando e descontextualizando.
Felizmente, as tecnologias imersivas (realidade virtual, realidade aumentada, enfim, realidades mistas) têm barateado e se popularizado, permitindo ampliar a sensibilização dos públicos impactados por meio da experiência imersiva virtual. Esse é o caso da linda ação lançada pela Cruz Vermelha Internacional (IRC – Internacional Red Cross), em que um aplicativo de smartphone — o “Enter the Room” – nos permite sentir (ver e ouvir) a transformação da vida de uma garotinha vivendo em zona de guerra.
O app, criado pela agência francesa Nedd, foi produzido para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha com a finalidade de conscientizar sobre a importância do Health Care nas zonas de conflito.
Segundo Frank Capra, o filme, a música e a matemática são as três linguagens universais. Talvez, os códigos das realidades imersivas surjam como a quarta.
Você pode instalar o aplicativo “Enter the room” para IOS 11 (requerendo no mínimo um iPhone 6) para navegar na experiência, ou pode assistir o vídeo da navegação, abaixo: