Em meio a tantas tendências que emergem em função da intensa aceleração da penetração de novas tecnologias na sociedade, acredito que a que permeia tudo é a integração do online e do offline. Há dez anos éramos predominantemente OFF. Nos últimos anos, começamos a nos tornar ON. No entanto, até recentemente existia uma separação física necessária entre ON e OFF, pois para estar ON, precisávamos usar um equipamento fixo que nos transportava para o lá. Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos poucos conforme as tecnologias móveis começaram a popular o cenário social, e muita gente ainda não percebeu que isso já é realidade.
Na última década, ficamos encantados com as novas tecnologias e suas possibilidades, e a atenção estava em tentar entender esse momento mágico, de ser ON. Como bem colocado na terceira lei das previsões, de Arthur Clarke, “toda tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica”. Essa cauda de magia que cunhou diversos termos como marketing digital, arte digital, vida digital, “blá blá blá” digital de todo tipo, felizmente está se dissolvendo. Apesar de sermos ainda bebês no aprendizado e uso dessa nova parafernália tecnológica que se impõe, estamos nos acostumando com as mudanças diárias, transformações constantes e compreendendo que esse é o novo ritmo, e que o digital não é mais algo separado de nossas vidas – ele também é parte delas, é uma continuação e complementação da nossa vida analógica.
Não somos mais ON ou OFF – somos ON e OFF ao mesmo tempo, simbioticamente, formando um ser maior que o nosso corpo/cérebro biológico nos expandindo para todo tipo de dispositivo e abrangendo outras mentes e corpos. Somos cíbridos e vai se tornar cada vez mais difícil sermos apenas ON ou apenas OFF – nossa essência quer circular livremente, sem rótulos ou presas, para obter uma experiência melhor, uma vida melhor, seja ela ON ou OFF. Não precisamos mais sair de onde estamos para acessar uma máquina que nos leve para o ON. Hoje, e cada vez mais, o ON está com a gente onde quer que estejamos e, em breve, estará conectado direto no nosso cérebro.
Assim, todas as grandes tendências da comunicação e marketing vêm maravilhosamente contaminadas de integração ON e OFF – transmídia storytelling, redes sociais, vídeo, busca, realidade aumentada, cloud computing, crowdsourcing, geo-localização, tempo real, e tudo mais, é uma dança constante entre o ON e OFF que compõem o nosso cotidiano, nossas vidas.
E como aproveitar as oportunidades que essa nova dimensão do ser humano traz para o marketing? Com a estratégia mais antiga e simples possível — causando boas experiências, independente de serem ON ou OFF, em cada momento. No entanto, para que isso aconteça, existe uma palavra mágica: integração! Integração de plataformas, tecnologias, estratégias, conceitos, áreas, pessoas, tudo! Na minha opinião, esse é o maior desafio daqui pra frente.
Se você quiser conhecer um pouquinho mais sobre cibridismo, segue abaixo os slides e vídeos que fiz sobre o assunto no youPIX 2011.
— Martha Gabriel, mai/2012
(*) Artigo publicado originalmente na Revista ProXXIma em jan/2012
22 Comentários
Muito bom!
É a nossa realidade.
Uma abordagem bem interessante.
Muito bom!
A realidade absoluta existe sim. Todas as coisas possuem propriedades intrínsecas, eventualmente as interpretações da realidade são dependentes da percepção ou dos instrumentos de medida. Entretanto as coisas possuem propriedades intrínsecas que não deixam de existir ou alteram-se pela ausência de um observador. Imagine a seguinte situação: uma árvore cai na floresta produzindo um som características cuja natureza é a de propagação das ondas mecânicas. As ondas mecânicas estarão presentes com ou sem observador, e elas possuem propriedades próprias.
A subjetividade surge somente dos limites da percepção. Essa tese de inexistência de realidade pura é resultado de um antropocentrismo exagerado. Está tão errado quando acreditar que o Sol gira em torno de nós, quando na verdade é o contrário. Pela nossa percepção o Sol gira em torno de nós, quando na verdade existe uma realidade ‘verdadeira’ em que somos nós que giramos em torno do Sol. A realidade existe por si e não depende de nós.
Mas eu entendo a necessidade humana de querer ser maior do que é.
Tales,
Existe uma linha de pensamento na física que acredita que na escala macro as propriedades independem do observador, mas na escala analisada pela física quantica isso não é verdade, já que o observador interfere na natureza do objeto quando observa. Esse paradoxo é tratado na experiência do Gato de Schrödinger.
Mas concordo com você que na escala macro esse pensamento tem muito de antropocentrismo.
“somos ON e OFF ao mesmo tempo” Perfeito !!
É isso aí. Daqui por diante, somos indivíduos ON/OFF, faz-se necessário a total interação com este mundo digital, assim como o homem foi criado para ser socialmente ativo a tecnologia o torna agora obrigatóriamente conectado.
Somos On/Off, não tem volta temos que ser digitais.
Temos características OFF, mas aprendemos muito bem a ser ON. Somos seres dúbios.
A tendencia é abandonar cada vez, maie-e-mais, o mundo off.
Bom artigo
Excelente artigo !!
somos ON – Muito Bom !!!
Muito interessante o artigo.
Uma ideia desapercebida!
Muito intessante
Muito oportuna o seu ponto de vista Martha ! Nos remete a reflexão quão momento em nossas vidas causarão essas transformação.
CONCORDO PLENAMENTE.
Muito bom
Mais atual q nunca!
[…] O avanço da internet e de novas tecnologias, como a computação em nuvem, fez com que as pessoas deixassem de estar conectadas para ser conectadas. A esse fenômeno, a escritora e pensadora Martha Gabriel dá o nome de cibridismo. […]